Alunos somam forças para ajudar cadeirantes
Alunos do Dante do 5º ano do Ensino Fundamental estão liderando uma enorme corrente do bem para arrecadar lacres de latinhas e, assim, conseguir doar cadeiras de rodas para pessoas com deficiência que estão na fila de espera de instituições sociais cadastradas. O projeto começou em 2017, mas foi agora em 2019 que tomou grandes proporções e envolveu muito mais turmas. “A cada 90 kg de lacres de alumínio conseguimos uma cadeira de rodas. Juntamos os lacres aqui na escola, trazidos pelos alunos, até alcançar uma grande quantidade. Depois, encaminhamos essas doações para a empresa Arteris, que faz toda a mediação com as empresas de reciclagem e com as instituições sociais. Já temos 42 kg de lacres. Estamos indo muito bem”, comemora a professora Ana Claudia Baldi, do 5º ano. “Montamos uma mesa na última reunião de pais com toda a arrecadação que fizemos em 2019 até agora, e eles ficaram impressionados”, conta o aluno Gustavo Jin Kang, do 5º ano J. As fotos não deixam dúvidas de que a mobilização vem sendo um sucesso:
Com o programa “Lacre Amigo”, de 2011 a 2018, a Arteris doou mais de 450 cadeiras de rodas para instituições sociais cadastradas nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde atua. A empresa é uma das maiores companhias do setor de concessão de rodovias do Brasil em quilômetros administrados, com mais de 3.700 km em operação. Em 2019, a Arteris também irá promover corridas de rua com o objetivo de levar conscientização sobre o tema. No evento esportivo, que se chama “Junta & Vai – a corrida do Lacre Amigo”, também acontece a entrega das cadeiras. A corrida já tem três edições confirmadas nas cidades de Joinville (26/05), Florianópolis (07/07) e São Paulo (22/09). Na corrida de São Paulo será entregue a cadeira conquistada pelos alunos do Dante no ano passado, com a doação de 90 kg de lacres. “Estamos muito felizes por ver que nossa ação gerou esse resultado! Isso nos incentiva ainda mais. Não sabemos quem vai receber, só que é uma pessoa que realmente precisa. A ideia é fazer o bem sem ver a quem”, afirma a professora Ana Claudia.
Dois anos atrás, foi o aluno Marcelo Beré Motta que trouxe a ideia para a escola, depois de ver seus avós juntarem lacres para apoiar a causa. Hoje, Marcelo está no 7º ano J. “Na época, estávamos em um passeio escolar e, quando fomos almoçar em uma cantina, ele começou a recolher lacres e me contou do projeto”, recorda-se a professora. Hoje em dia, muitas famílias do Dante estão envolvidas na iniciativa, que se espalha cada vez mais pelo Colégio. Algumas crianças têm parentes que são donos ou trabalham em restaurantes, lanchonetes e churrascarias e ajudam a recolher.
Para quem não trabalha no ramo de alimentação, a arrecadação pode ser feita em almoços, happy hours, churrascos, aniversários e todo tipo de evento. “No meu prédio eu coloquei um bilhete no elevador explicando sobre as doações, e, desde então, todos os vizinhos começaram a ajudar. Fui até a padaria e o bar que ficam perto de casa para pedir lacres também e estou conseguindo juntar bastante com esse apoio deles”, conta o estudante Leonardo Trauczynski Coelho de Negri Lopes, do 5º J. Muitos colegas de sua sala estão participando ativamente do projeto. “Eu pedi ajuda no meu clube”, diz João Pedro Serpa Roberti. “Sempre que como fora eu recolho os lacres”, afirma Manuela Bernardelli de Oliveira. “Eu acho importante lembrar que nossas arrecadações não atrapalham o trabalho dos catadores”, alertou Bruna do Rio Piragine. Enzo Melchiori Morente, também do 5º J, mobilizou até a parte de sua família que mora em Vancouver, no Canadá, para que ajudem instituições de lá. “Nós criamos uma competição saudável entre nós, tornando a ação ainda mais divertida. É uma brincadeira do bem e cada casa tenta arrecadar mais que a outra, inclusive quem mora em outra cidade ou país”, conta o menino. “Minha avó Solange e meu avô Heraldo trouxeram vários galões de 5 litros cheios de lacres, e demos uma faixa para eles em agradecimento. As classes também começaram a competir para ver quem conseguia juntar mais lacres, mas o que importa não é ganhar, e sim ajudar as pessoas”, diz Pedro Jubilut Mercadante, do 2º ano I.
“Aqui no edifício Michelangelo temos alunos de 1º a 5º ano ajudando. São 21 salas participando até agora da corrente do bem, e o mais legal é que os próprios alunos organizam tudo. Eles pesam os lacres já arrecadados, incentivam uns aos outros e envolvem todas as suas famílias”, conta Ana Claudia. Alunos do Ensino Fundamental II também foram convidados para ajudar e fortalecer a iniciativa. Estudantes de 6º a 8º ano estão participando orientados pelo professor Jairo Luiz Valenti, assistente da diretoria-geral pedagógica.
“Nós também conseguimos, com a ação, trabalhar conceitos de matemática, língua portuguesa, ciências, oralidade, responsabilidade social. É um projeto interdisciplinar que ensina muita coisa a todos nós”, afirma a professora. “Nós parabenizamos quem ajuda e sempre fazemos uma salva de palmas para incentivar. É muito legal, todo mundo quer participar e entregar para receber aplausos. Todo mundo fica feliz”, diz o pequeno Hemilio Costa Doho, do 5º J.